Igrejas de Minas – a história da Matriz de Capim Branco erguida a muitas mãos

Quando a gente desce o morro de Capim Branco, lá está ela: imponente, colorida, numa pracinha linda, limpa e silenciosa. Parece aqueles cenários de novela das seis, de filme gostoso de ver. De costas para quem chega, parece sorrir e dar as boas-vindas a quem já está. É preciso chegar, passar pela cidade e quando a gente se vira pra onde chegou, pronto: A Matriz de Nossa Senhora da Conceição parece dizer “sinta-se em casa”. Porque é assim que a gente se sente sempre em Capim Branco. Em casa.

Terra do alho, capital dos orgânicos, carnaval famoso do Boi da Manta… mas o que encanta mesmo é quem mora, seu povo, o bom dia, a união, a familiaridade. É isso: o povo de Capim Branco é encantador e de uma união invejável.

Há 57km de Belo Horizonte, Capim Branco é daqueles lugares bucólicos que vale muito a pena uma visita, uma volta pelo Centro e ficar sentado na Praça da Matriz vendo e sentindo a vida passar.

Da união incrível deste povo, desde o século XX, nasceu a Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Conta-se que a primeira capela de Nossa Senhora da Conceição foi construída pelos moradores da cidade com ajuda de fazendeiros da região.

Foi toda construída com a técnica de Adobe, pequena, mas com um altar de madeira, um coro, uma espécie de galeria também em madeira, cujo acesso se dava por uma escada lateral. A escada era também uma espécie de palco, onde ficavam as cantoras durante as missas e rezas. Ainda nessa pequenina capela, foram construídas duas sacristias nas laterais onde eram guardados os paramentos e outros objetos dos cultos religiosos.

Logo em frente à capela, ficava um cruzeiro e, como de costume na época, os mortos eram enterrados no cemitério próximo à capela ou mesmo dentro dela.

Na década de 40 numa noite de tempestade um raio atingiu a Capela, trincando parte de suas paredes e provocou um incêndio. Imediatamente, mais uma vez os moradores se uniram para apagar o fogo jogando água, até que chegaram uns alemães que estavam trabalhando na fazenda do coronel Custódio Alvarenga e aconselharam combater o fogo com outro fogo caseiro e só assim o fogo apagou. O incêndio deixou a capela muito danificada e mais uma vez, a união da comunidade fez com que ela fosse restaurada e ganhasse um para-raios para evitar uma nova tragédia.

Seis anos após o incêndio, em 1946, a capela que estava com a sua estrutura muito abalada, precisou ser demolida. Após uma reunião entre as lideranças comunitárias e o Pároco, a capela foi demolida e somente suas telhas foram reaproveitadas.

Para comportar a população que havia aumentado, o projeto era construir uma igreja maior. Para isso, mais uma vez, a união da comunidade foi essencial para o sucesso da nova empreitada.

Criaram uma comissão para arrecadar verbas presidida por Dona Bárbara Emerenciana Alvarenga, conhecida como Dona Bilica  que também doou alguns materiais como o telhado e os ladrilhos. Sr José Pereira, na época proprietário da Empresa Pássaro Verde doou a porta principal e seu filho Eldi Pereira, doou o relógio. Os integrantes da Sociedade São Vicente de Paulo e outros moradores trabalharam na construção e os confrades arrecadaram material e dinheiro.

Uma curiosidade é que, a Igreja tem o fundo virado para a entrada principal da cidade pois, à época de sua construção acreditava-se que o município iria crescer em direção à BR040 e não em direção ao município de Matozinhos como acabou acontecendo.

Hoje, temos a Matriz de Nossa Senhora da Conceição imponente, linda e colorida recebendo e abençoando os moradores.

Fonte: livro “Capim Branco, minha cidade meu patrimônio.” Publicado 2013

Agradecimentos ao Rafael Reis que fez a linda foto da abertura da matéria.

  • Em razão da Pandemia, a visitação ao interior da Igreja está restrita.

Por Narly Simões

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