Para dias quentes: sombra, cores e resistência!

Em tempos onde nossas árvores e matas gritam por socorro e sofrem com as queimadas, elas florescem nas cidades como uma forma de resistência para nos alertar de forma brilhante que são necessárias, importantes e lindas.

Apesar de tudo o que tem sido queimado e temos visto nos últimos dias elas vem nos trazendo alento apesar de. Para respirar melhor, para sentir melhor, para sermos nós e para nos mostrar que a forma de viver é e deve ser pela natureza.

De um amarelo forte, brilhante, como lanças apontadas para o céu elas estão em plena florada nos causando espanto e felicidade pelos caminhos do nosso Circuito das Grutas. De cidade em cidade e pelas estradas, pontos coloridos que dão uma sombra fresca e gostosa nesses tempos tão quentes surgem como se quisessem nos dizer algo que deveria ser tão óbvio: “estamos aqui por vocês e vocês precisam de nós!”

Quem não admira e se encanta por essas árvores grandes, coloridas, de copas largas e um verde bem brilhante?

São as Sibipirunas. Parte integrante, importante e tão agradável do nosso cenário. Em Tupi, Sibipiruna que dizer “casca preta” e embora não seja uma árvore nativa do nosso cerrado, elas estão tão presentes em nossos municípios nos presenteando com a florada dourada nos meses de setembro e outubro.

Essa árvore é tão, mas tão generosa conosco e com a natureza que sua copa chega a medir até 20 metros de diâmetro e pela sua arquitetura que intercepta os raios solares, ela é capaz de atenuar a radiação solar em quase 90%. Se plantada em local adequado, vive até 100 anos.

Por todas as cidades que a gente passa nesse período é aquela sombra fresquinha e aquele tapete dourado espalhado pelo chão que nos dão vontade de sentar, contemplar e lembrar da música “tá caindo fulô, ê tá caindo fulô…”

As lindas flores cor de ouro das sibipirunas que se agrupam em cacho nas pontas dos galhos, surgem apenas como um pendão marrom com alguns botões fechados, depois as flores amarelas se abrem na parte de baixo, ficando a parte de cima do cacho ainda marrom e direcionada para cima parecendo um passarinho olhando para o céu, depois estas flores da parte de baixo caem e as de cima abrem parecendo uma bolinha amarela. 

Suas flores permanecem na arvore por aproximadamente um mês ou dois, mas não é raro ver outra florada entre janeiro e fevereiro. Atraem os passarinhos e principalmente as abelhas que fazem a festa com seu néctar.

Sob a sombra de uma Sibipiruna, trago Rubem Alves para nos falar da importância da nossa urgente reconexão com a natureza, da preservação de nossas árvores e de tudo o que nos cerca e nos refresca a alma.

“Nossas inteligências estão cada vez mais ligadas aos vídeos e computadores e cada vez mais distantes da natureza. Há crianças que nunca viram uma galinha de verdade, nunca sentiram o cheiro de um pinheiro, nunca ouviram o canto do pintassilgo e não têm prazer em brincar com terra. Pensam que terra é sujeira. Não sabem que terra é vida. As nossas escolas – seria bom se elas ensinassem as crianças a amar as árvores. Chamar pelo nome e amar as paineiras, as sibipirunas, as magnólias, os pinheiros, as magueiras, as pitangueiras, os jequitibás, os ipês, as quaresmeiras… Aprendi na escola que os homens são uma forma de vida mais evoluída que as árvores. Estou brincando com a possibilidade do contrário: que as árvores sejam mais evoluídas que nós. Se assim não fosse por que haveriam as Escrituras Sagradas de comparar o homem feliz com uma árvore plantada junto a ribeiros de águas? Com o que concorda Alberto Caeiro: “Sejamos simples e calmos como os regatos e as árvores, e Deus amar-nos-á fazendo de nós belos como as árvores e os regatos…” Deus nos amará quando formos como as árvores!”

Sejamos como as árvores, como a Sibipiruna, que serenamente colore nossas vidas e cumprem o propósito de resistir, cuidar de nós e do planeta, apesar de.

 

Por Narly Simões

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