Histórias de fé e devoção fazem parte da cultura de Minas Gerais e enriquecem a cultura da nossa região.
Entre as diversas tradições dos municípios do Circuito Turístico das Grutas, está o belíssimo e intrigante culto às almas dos “Bexiguentos”, em Pedro Leopoldo.
Seja uma lenda ou uma rica passagem que conta a história de devoção do município, fato é que a fé nas almas dos Bexiguentos e o culto a elas, vem perpassando gerações e mantendo viva a religiosidade de toda uma população.
Conta-se que, no início do século passado, os mortos de Pedro Leopoldo eram levados em carros de boi para serem enterrados na cidade vizinha de Matozinhos.
Porém, essa prática se modificou quando grande parte da população se viu infectada pela Varíola, também conhecida naquela época como “Bexiga”. Pelo receio do contágio de sua população, Matozinhos se recusou a receber os corpos doentes.
Pedro Leopoldo então precisou procurar outro local para enterrar seus mortos, porém, as autoridades apavoradas com as possibilidades de aumento do contágio, tomou uma difícil e terrível decisão: enterrar ainda vivas, as pessoas contaminadas e em estágio terminal. Elas levadas e enterradas em uma cova comunitária no alto de um morro, um pouco afastado do centro da cidade.
Entre esses muitos mortos enterrados vivos, foi enterrada uma família composta por Candinha, Camila, Emília, Carmélia, Carmelita e Joaquim Bexiguento.
Passado o tempo, a população aliviada pelo fim da doença, mas sentindo-se culpada pela forma que foi necessária enterrar seus doentes, começou a ir até o alto do morro rezar pelas suas almas, em especial por essa família e pedir graças que começaram a ser alcançadas.
A crença sempre esteve no poder de cura de todas as vítimas da doença, mas especialmente dessa família. Suas almas e de todos os outros doentes teriam, segundo os fiéis, elevado-se a um plano superior e graças ao grande sofrimento em vida, adquiriram o poder de interceder junto a Deus pelos que a elas pedem ajuda.
Em 1970, uma senhora, de família tradicional da cidade, fez um pedido aos Bexiguentos – pedido esse nunca revelado – e teve a graça alcançada. Em agradecimento mandou construir uma capela em homenagem às almas no alto do morro, ao lado do cemitério – cova comunitária.
A Igrejinha, que hoje é dedicada a Nossa Senhora Desatadora dos Nós e Santo Expedito, recebe um grande número de fiéis que vai até lá pedir e agradecer pelas graças alcançadas e acender velas em intenção às almas no velário que fica do lado de fora, em um túmulo construído em homenagem aos Bexiguentos.
Todas as segundas-feiras os devotos se concentram no local, ascendem velas na cova comunitária e rezam na igreja. Em 19 de Abril é celebrada a festa de Santo Expedito e em Setembro, acontece a Festa de Nossa Senhora Desatadora dos Nós.
Se essa é ou não uma lenda, deixamos por conta da fé e crença de cada um, porém, o local, embora conta-se que foi um cenário de tanta tristeza, tem deveras uma atmosfera calma, tranquila, que nos remete a paz e harmonia, envolto a muito verde e cheio de significados que vale muito a pena dedicar um tempo para visitação e contemplação.
Por Narly Simões
Endereço:
Fazenda do Campinho , s/n – Parque Agenor Teixeira – Pedro Leopoldo – MG
Referência: Estrada marginal para a Holcin, entrar a primeira à esquerda atrás da Fábrica de Tecidos.
* Fonte de pesquisa: sites da internet